O FMI (Fundo Monetário Internacional) estima que o PIB global cresceria até 35% com a igualdade de gênero nas relações de trabalho.
Com o aumento da presença feminina no mercado de trabalho, houve também uma mudança significativa do papel da mulher na sociedade. Além de aumentar o poder de consumo e contribuição feminina para o orçamento doméstico, elas são as principais tomadoras de decisão quanto aos gastos em várias categorias de produtos. Vejamos: 86% no quesito alimentos; 71% no que diz respeito às roupas dos maridos (!); 79% na definição dos pacotes de férias; 58% na decisão sobre o carro da família e 53% na marca do computador do lar (Datafolha, 2013).
Olhem isso: as mulheres sustentam financeiramente 45% das famílias brasileiras. E são mais qualificadas. Já mencionamos que 58% dos alunos de graduação são mulheres. Além disso, na população com mais de 25 anos de idade, 19% delas têm curso superior, enquanto que os homens representam apenas 15%. Pasmem ainda mais: nem no mundo acadêmico acontece o que seria um equilíbrio óbvio, diante desses números. Apenas 47% dos professores universitários são mulheres.
As vantagens da diversidade de gênero vão além dos aspectos morais e sociais, contribuindo também para a rentabilidade das empresas.
Um estudo realizado pela McKinsey (2009) com 274 empresas em seis países da América Latina mostra uma relação direta entre resultados financeiros e a composição da equipe de executivos. Empresas que não tinham sequer uma mulher no time de direção apresentavam margem EBIT de 13%. Enquanto que aquelas com pelo menos uma presença feminina entre os executivos alcançavam uma margem de 19,2%. Quero isso na minha empresa!
Mulheres e homens demonstram estilos de trabalho e gestão diferentes. Em linhas gerais, um estilo mais feminino de gerenciar prioriza as relações, a tomada de decisão participativa e o longo prazo. O perfil dito masculino é mais curto-prazista, individualista e privilegia o controle. Essas habilidades, comportamentos e perspectivas são complementares. Quando combinadas, promovem melhores resultados.
Retornando aos ODS, repare que as habilidades de mulheres líderes são aquelas necessárias para a resolução das grandes questões humanitárias listadas entre os objetivos do milênio.
Se as mulheres são maioria na força de trabalho, apresentam mais qualificação, batem o martelo sobre o consumo de uma grande gama de produtos e serviços e demonstram um estilo de liderança importante para a tomada de decisão, o que ainda impede que haja um número maior de mulheres em cargos de liderança?
Reflitam. No próximo artigo, trago caminhos.