A importância da liderança humanizada em um contexto de disrupção

Empatia e solidariedade com foco na qualidade de vida das equipes ajudam a criar relações de confiança e a promover a mudança através das pessoas

As relações humanas já vinham ganhando cada vez mais importância nos ambientes de gestão quando houve a pandemia, com uma mudança de rotina que incluiu a vida pessoal no dia a dia corporativo. A covid-19 evidenciou a necessidade de uma liderança humanizada e não a tradicional busca por "resultados a qualquer custo”.

Uma pesquisa da Gartner de 2022, realizada com mais de 230 líderes de RH, revelou que 90% acreditam que, para ter sucesso no ambiente de trabalho atual, é necessário se concentrar nos aspectos humanos da liderança. No entanto, outra pesquisa da consultoria, que ouviu cerca de 3.400 funcionários, descobriu que apenas 29% deles definem seu gestor como um líder humanizado.

Hoje, as pessoas não estão interessadas somente na remuneração e nos benefícios. Os profissionais, especialmente os mais talentosos, estão em busca de instituições que permitam e incentivem o seu desenvolvimento, estimulando assim um convívio agradável e que facilite a comunicação eficiente entre os integrantes das equipes.

Portanto, mesmo em nosso mundo cada vez mais digitalizado e dominado pela conversa sobre Inteligências Artificiais, temas como human skills surgem com uma importância elevada – esse conceito abarca justamente características fundamentais para modelos de gestão humanizada.

A liderança humanizada é um modelo de gestão que enfatiza a importância de colocar as pessoas em primeiro lugar. Isso significa dizer que habilidades interpessoais, como a empatia, a compaixão, a colaboração e a inclusão, passam a ser vistas com um status de importância tão grande quanto e, em alguns momentos, até superior ao das questões exclusivamente técnicas, as chamadas hard skills.

Um líder humanizado busca o bem-estar dos profissionais, com suporte à realização pessoal e profissional. Um ambiente saudável, além de evitar doenças como o burnout, traz melhores resultados para o negócio. O lucro segue como objetivo, o que vem mudando é a percepção o de que ambientes não tóxicos geram mais resultado.

Para alcançar essa meta, as lideranças dos times assumem uma postura de facilitador e mentor, em vez de ser um chefe autoritário que dá ordens. Trata-se, na prática, de um esforço para entender as necessidades, os desafios e os objetivos de cada pessoa em sua equipe. Essa gestão de talentos ajuda a desenvolver habilidades e potenciais individuais, incentivando o crescimento pessoal e profissional e, consequentemente, da companhia.

Esse modelo de gestão também valoriza uma comunicação transparente, promovendo um ambiente de confiança e respeito mútuo. Além disso, o líder humanizado é sensível às questões sociais e culturais, abordagem importante para a fundamental promoção de maior diversidade e inclusão nas corporações.

Com a rápida evolução do mundo do trabalho, as demandas e necessidades dos colaboradores também mudaram. A liderança humanizada toma como base uma abordagem que considera a diversidade e a individualidade em todas as suas ações.

As ideias de uma liderança transformacional se aproximam bastante do que é esperado nos dias de hoje de um gestor. Sharon Olivier, que é docente da Hult International Business School e uma das responsáveis pelo programa The Transformational Leader, afirma que vivemos tempos turbulentos que exigem líderes ágeis, adaptáveis e reativos.

No livro Agile Leadership for Turbulent Times: Integrating Your Ego, Eco and Intuitive Intelligence, escrito com Frederick Hölscher e Colin Williams, Sharon explica que uma das partes essenciais de uma liderança moderna é a inteligência "Eco" – a capacidade de se conectar com os outros, construir relacionamentos e integrar diversas perspectivas

Pensando nisto, existem algumas habilidades e práticas que se fazem necessárias para uma gestão humana e para o desenvolvimento de líderes de sucesso, dentre as quais estão as quatro que destacamos a seguir.

A inteligência emocional é a capacidade de identificar, compreender e gerenciar as emoções, tanto próprias quanto dos outros profissionais. Um líder humanizado deve ter uma boa inteligência emocional, que permite a ele se conectar com seus colaboradores em um nível mais profundo – isso auxilia o líder a ter mais empatia e tomar decisões mais sensíveis.

Além disso, o líder humanizado deve permanecer calmo, neutro e deliberado ao tomar decisões, gerenciando adequadamente suas emoções. Isso cria um relacionamento emocionalmente produtivo, promovendo um ambiente de trabalho mais positivo, eficiente e lucrativo.

A comunicação eficaz é fundamental para a liderança humanizada. É importante que o líder saiba se comunicar de forma clara e honesta, e que também saiba ouvir seus colaboradores com atenção, curiosidade e empatia. A escuta ativa é uma técnica que ajuda a entender as necessidades dos colaboradores, suas ideias e desafios.

Uma prática clara de feedback positivo também é essencial, criando uma cultura segura para aprendizado e melhoria. Ou seja, a comunicação nesse tipo de liderança é praticada por meio da escuta ativa, personalizando a comunicação para o ouvinte, e fornecendo feedback eficaz e construtivo a todos os funcionários.

A liderança humanizada envolve a construção de um relacionamento de confiança com os colaboradores. Isso significa que o líder deve estabelecer expectativas claras e realistas, acompanhar sua execução e, claro, cumprir as promessas feitas.

Assim, os colaboradores saberão exatamente o que se espera deles e poderão trabalhar para atingir tais objetivos. Esses acordos sólidos e honestos aumentam a confiança entre o líder e os colaboradores, criando um ambiente de trabalho mais positivo e produtivo.

O líder humanizado deve ter uma visão clara do futuro da organização e trabalhar para alcançar os objetivos programados para a empresa, sendo capaz de inspirar os colaboradores a se envolverem nessa visão, motivando-os a trabalhar em prol de um objetivo comum.

Na liderança com propósito, o gestor da equipe cria um senso de significado e objetivos para a equipe, o que aumenta o engajamento e a satisfação dos colaboradores no trabalho.

A liderança humanizada traz muitas vantagens tanto para as equipes quanto para o desenvolvimento organizacional como um todo. Um dos principais ganhos é alcançar um maior engajamento e satisfação de seus colaboradores, que se sentem mais valorizados e respeitados em uma gestão humanizada. Isso, por consequência, aumenta a motivação e o engajamento dos profissionais.

De acordo com dados de 2019 do projeto Empresas Humanizadas no Brasil, idealizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo, que analisou mais de 1 mil organizações, há níveis 225% maiores de bem-estar entre os colaboradores de empresas humanizadas – e uma satisfação 240% superior por parte dos clientes.

Além disso, no período estudado, as empresas humanizadas alcançaram uma lucratividade duas ou mais vezes acima da média das 500 maiores empresas do país. Crescimento sustentável, menor turnover e redução de custos também aparecem como pontos positivos.

A liderança humanizada também contribui para a retenção de talentos, ao criar um ambiente de trabalho mais acolhedor e motivador, e é vista como um fator importante pelos profissionais que buscam novas oportunidades de trabalho.

Alguns pontos são essenciais para aplicar a liderança humanizada na empresa em que você atua como gestor, tais como conhecer seus colaboradores, adotar uma abordagem mais empática, estimular a colaboração, valorizar a diversidade e promover um ambiente saudável. Priorizar o desenvolvimento de líderes e colaboradores também é de suma importância.

Na Hult EF, oferecemos Soluções de Diagnóstico e Avaliação para identificar e resolver os principais desafios da jornada de desenvolvimento de nossos clientes e adaptar os programas disponíveis às suas necessidades.

Assim, questões sensíveis como essas fazem parte das jornadas que pensamos para Educação Executiva, voltadas a ajudar os líderes a entenderem as competências mais importantes para os dias de hoje – sejam elas de liderança humanizada ou de outras tendências contemporâneas de liderança.